terça-feira, 2 de outubro de 2012

A QUARTA CAMADA


INTRODUÇÃO

Aquela noite foi em parte comum e em parte extremamente incomum. Eu estava voltando do meu serviço para casa, trouxe minha maleta com coisas que deveria fazer em casa, odeio deixar pra segunda-feira o que eu posso fazer no final de semana. Parei no ponto da avenida principal e enquanto esperava meu celular tocou três vezes e parou, peguei para ver quem era e um número estranho apareceu na tela, apertei o botão de bloqueio e o coloquei novamente no bolso.

Era sexta-feira e muitas pessoas aguardavam no ponto para ir pra casa, sexta e sempre o dia mais cheio nas ruas. Ao meu lado havia uma senhora com uma criança que não parava de brincar em sua volta, atrás havia cinco garotos que não se cansavam de ouvir funk em seus aparelhos comprados da China, ou do Paraguai, não tenho certeza. Com certeza era uma sexta-feira movimentada e estressante para quem chegaria em casa e continuaria a fazer relatórios e mais relatórios de alunos que em grande parte não querem aprender e ainda nos dão muito trabalho.


Notei que numa esquina de frente do ponto havia uma pessoa tentando fazer uma ligação no celular, nos poucos minutos que pude observar ele tentava discar números grandes demais para conseguir falar com alguém, até que um deles funcionou e nesta mesma hora o meu aparelho tocou novamente. Ainda parado observando o homem do outro lado da esquina pus minha mão no bolso e trouxe o aparelho em meu ouvido ao mesmo tempo em que pressionava o botão para atender a ligação, quando finalmente atendi ouvi algo como um ruído, uma ligação de alguém que estava muito longe. Recordo-me de ouvir algo como uma tempestade ao fundo, então ele começou meio que desesperadamente a falar.

- Está vendo este homem do outro lado da esquina… sou eu… (chiado forte).
- O que você quer comigo? Perguntei me virando pra ele.
- Seja… bem vindo… à terceira… camada… (piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii…).

Quando ouvi o apito no final da ligação deixei o aparelho cair no chão e me encolhi colocando uma das mãos na orelha que estava usando, a sensação que senti foi como se barulho tivesse sido lançado no fundo do meu cérebro, e de certa forma foi. Caí de joelhos procurando o aparelho ainda com uma mão protegendo o ouvido e fiquei assim por alguns minutos até que aquela dor passasse. Quando ela passou, senti como se minha alma estivesse agitada…

continua...

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